Estamos em outubro, mês de consciencialização para a Comunicação Aumentativa. Neste ano de 2022, o tema lançado pela International Society for Augmentative and Alternative Communication (ISAAC) é “Mostra a tua Voz”. Pretende-se divulgar as diversas formas que os utilizadores de comunicação aumentativa utilizam para comunicar, os seus talentos, mas também que todos mostremos a nossa voz, advogando os seus direitos. E comunicar é um direito! Podemos fazê-lo de diferentes formas, com diferentes funções, mas... comunicar está sempre ligado a emoções.
"A comunicação não depende apenas de um Eu e de um Tu, a comunicação depende de um Nós (...)"
Comunicamos quando e porque estamos contentes, tristes, zangados, orgulhosos, aborrecidos, entusiasmados, cansados... e a forma como os outros interpretam o que comunicamos faz-nos ficar ligados, ou se preferirmos desligar-nos.
A comunicação não depende apenas de um Eu e de um Tu, a comunicação depende de um Nós e dos nós que conseguimos criar, para nos mantermos ligados uns aos outros, independentemente dos meios que usamos para comunicar. Isto significa que quando estamos com crianças, jovens ou adultos com Necessidades Complexas de Comunicação (NCC), estes não são os seus desafios, são os nossos desafios e apenas juntos poderemos ultrapassá-los.
Comunicar dá-nos poder! Poder para decidir o que queremos e o que não queremos. Poder para pedir ajuda, expressar sentimentos, argumentar, negociar, partilhar afeto, mostrar surpresa, entusiamo, repulsa, admiração.... Poder para mostrar acordo ou desacordo, cansaço, necessidade de parar, ou vontade de continuar... Quando não temos oportunidades, meios, tempo, alguém com quem comunicar, retiram-nos um direito fundamental e o poder de controlar a nossa vida.
"Ser parceiro de comunicação é mais emoção do que ciência!"
Ver a comunicação como um processo do Nós implica perceber que se existem falhas comunicativas, desequilíbrio na comunicação, isso só se resolverá com a adaptação, ajuste e respeito pelas características individuais do outro. Implica perceber que ser um bom parceiro de comunicação não significa ter à disposição as melhores ferramentas, os melhores dispositivos... Ser um bom parceiro de comunicação significa estar disponível, observar, aprender com a pessoa sobre como comunicar com ela, respeitar o seu tempo, os seus desejos, as suas necessidades. Ser um bom parceiro de comunicação é ver para além do que é visível, é acreditar que há potencialidades em cada um de nós, que só descobrimos quando damos tempo e acreditamos no potencial do outro.
Ser parceiro de comunicação é mais emoção do que ciência! É mais estar do que avançar!
É, muitas vezes, mais ouvir, observar, sentir, esperar, imitar, do que falar!
As experiências de comunicar com os outros permitem-nos criar memórias, construir conceitos, desenvolver linguagem... Quanto mais ricas e motivantes forem estas experiências, maior será o envolvimento conjunto, mais forte ficará o Nós. Quando comunicarmos, que seja com emoção, porque estamos ali, com aquela pessoa, naquele momento, a querer ouvir, ver, sentir, tocar, viver aquele momento com a pessoa que está connosco... sem ter pressa de avançar, sem pensar sempre no objetivo que quero trabalhar, na atividade que tem de completar... Demo-nos o direito de investir momentos em estar ali, com aquela pessoa e deixemos que a comunicação rime com emoção!
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